
Ludoterapia
A Ludoterapia (ou Terapia pelo Brincar) é um processo dinâmico entre a criança e o terapeuta, em que a criança, através de mediadores, isto é, de materiais lúdicos, de uma relação terapêutica segura e de um ambiente de aceitação, empatia e compreensão, expressa e explora, ao seu ritmo, o seu Self (sentimentos, pensamentos, experiências e comportamentos) e os seus problemas passados e presentes, conscientes e inconscientes, que estão a afetar a sua vida. Daqui se depreende que o brincar surge como o meio de comunicação privilegiado entre a criança e o psicólogo.
O papel do psicólogo consiste em seguir a iniciativa da criança - ser responsivo - e compreender, interpretar, acolher, transformar e reorganizar o seu aparelho psíquico, com vista a um desenvolvimento e crescimento ótimos.
A criança é, ao brincar, concomitantemente, espectador (do que lê no seu mundo interno e no mundo externo dos objetos e das relações), encenador (o desenrolar da história e o seu desenlace são, de alguma forma, controlados por si, sendo que a perceção de controlo, mais do que o controlo real, é essencial ao desenvolvimento emocional e à saúde mental) e ator (ensaiando tantos papéis quantos a sua experiência e o seu imaginário tornem possíveis e desejáveis).
Deste modo, através do brincar, a criança recria, inventa e experimenta novas formas de compreensão e de relação, elaborando conteúdos mentais, mobilizando defesas e antecipando e preparando momentos futuros, enquanto estruturador de organizações subsequentes.

The Smile of the Flamboyant Wing, Joan Miró (1953)